A Rosa do Campo Jaime L.S.Filho Sou um velho boiadeiro, já calejado de muitas andanças, maestro dessa comitiva que já há muitos anos me acompanha pelo interior de Goiás. Eu e minha comitiva já enfrentamos tempestades e, muitos de nós, apesar de tentar superar o esforço físico, ficamos para trás por motivo de doença. Percorremos vários povoados, várias fazendas. E, assim, dias e noites iam se passando. E eu não conseguia tirarr essa amargura do meu coração. Um imenso vazio toma- va conta de mim. Certa oportunidade ela me apareceu pela primeira vez. Foi como por acaso que a conheci numa dessas viagens. Seu sorriso é a lembrança que mais me acompanha quan- do me recordo dela. Não tivemos tempo para iniciar uma estória de amor. Eu e minha comiti- va tivemos que partir. Na despedida, uma cena me marcou. Olhei para trás e a vi meio tímida tentando disfarçar uma lágrima. Mas nada pude fazer. Toquei o berrante e retornei a caval- gada. No meio do caminho, imagens foram se criando na minha cabeça. Dizem que todo boiadeiro é orgulhoso para essas coisas de amor. A lágrima daquela menina, com corpo de mulher, aquela rosa do campo, sua beleza simples e ao mesmo tempo exótica, me acompan- hou em todo meu trajeto. Os demais viajantes não perceberam nada. E mesmo porque era eu o maestro da comitiva que estava sempre à frente. A lágrima daquela menina, com cabelos longos cor de ouro, se transformou em espinho nessa minha coroa que carrego há tantos anos. Não me refiro àquela coroa daqueles reis dos grandes imperios do Oriente que são descritos nos livros de história, ostentando poder e felicidade. Não. A coroa que me contempla as lembranças, e , que agora, estou sem nenhuma vergonha expondo a público e diferente, é uma coroa repleta de espinhos, que na verdade, me crucificam e sangram sem dó e piedade, este coração, tão cheio de cicatrizes, dessa minha coleção de "amores mal resolvidos". Os espinhos resultam das lágrimas dos muitos corações despedaçados que deixo no meio do caminho, por força da minha profissão. Continuar relembrando essas cenas, seria por demais, doloroso para mim. Não posso mais pensar em tudo isso. A marcha deve continuar e acalento uma espeerança que um dia vou ter um paradeiro certo, e me dedicar a uma única mulher, e assim, de uma vez por todas pôr fim a essa minha vida errante. Araruama, 07 de março de 2002, quinta. Texto narrativo desenvolvido na disciplina de Produção de Textos, Prof.ª Ione, do 3ª ano de Letras da Ferlagos (Fundação Educacional da Região dos Lagos (Cabo Frio/RJ).

 

 

 

 

 

 

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