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MIL LÉGUAS - o livro

 

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 PERSONAGEM - To be or not to be, that is the question? – já diria o personagem título de “A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca” de William Shakespeare de 1603. “Só sei que nada sei...”; "Há mais mistérios entre o céu e a terra do que a vã filosofia dos homens possa imaginar". Somos todos coadjuvantes da hipocrisia do teatro social; somos todos órfãos de estereótipos; rótulos de “máscaras” impostas pela sociedade. subservientes das pseudo-regras impostas do politicamente correto do que devemos opinar e como devemos agir. AI-5 disfarçado sobre a máscara do personagem “democracia”. No bailado da hipocrisia do teatro social o povo é quem dança. “Quem somos nós nesse baile de máscaras?”. Quem quer “roubar a cena” de quem? Quem quer “roubar a cena” com seus discursos engajados embutidos de falsos moralismos de pretensos “Salvadores da Pátria”? “Hino Nacional” que destoa nos dias de hoje com um doce amargo no seu versejar.Autoritário monarca ou estamos limitados a rudes plebeus? Só nos resta dançar o tango argentino. A epidemia do bailado se alastra; e corrompe o próximo dançarino a fazer o convite da contradança. Eloquente sim é o personagem “democracia”; maquiagem disfarçada de verdade na emissora do Roberto Marinho em iludir os pobres Severinos analfabetos às vésperas das eleições. Por detrás do mito do artista e suas máscaras, há de se esconder muitos mistérios. Forças místicas que o puxem de encontro a um imenso vazio. Quem sabe, sina já predestinada que o acompanha. Não sabe como fugir. Há de existir possibilidade de fuga? Se tentando se encontrar foge de si mesmo? Lágrimas lhe escorrem o rosto. Contraditórias crises de identidade o atormentam. Não sabe qual personagem irá emergir das cinzas da mitológica ave fênix. O "Personagem-proletariado"? Não. Esse já está dominado pelos donos das fábricas. Surgiu então, outro insight. Irá encarnar a vida requintada do "personagem-burguesia"? Ostentar casacos de pele da Noruega, beber o vinho da safra da melhor qualidade e comer ostras? Não! Essa vida já não lhe cabe. Monótona deve ser levar uma vida sem se sentir produtivo. Iria então encarnar a máscara do "personagem" dos 11 milhões de desempregados do país? Não, precisa chegar a tanto. Iria então metaforsear o "personagem" da vida indigna dos aposentados? Não. Triste saber que a luta de toda uma vida no final não foi recompensada. Iria então personificar o "personagem" da falta da valorização dos professores e médicos ? Não. Essa máscara já veio com defeito de fabricação sem aceitar devolução. Poucos heróis que vestem a camisa, infelizmente... Iria então resgatar a boa imagem do “personagem” das UPPs (unidades de Polícia Pacificadora)? Não. Difícil fortalecer programas sociais nas comunidades cariocas antes negligenciadas e ocupadas há décadas por traficantes e milicianos. Iria então representar com máscara ensanguentada o personagem dos “sem terra”? Não, essa já está dominada pelos poderosos latifundiários. Iria então ressurgir o "personagem-político"? Não. O povo brasileiro busca novos horizontes para o país depois da ditadura do PT. Todas essas máscaras lhe causam sofrimento. Busca agora autoafirmação. Quer sim, daqui por diante lapidar seu suposto talento em busca de reconhecimento e prestígio. Agora quer ser reconhecido como “ator-cidadão”! O personagem “cidadão” – fazer valer a pena a máscara “cidadão”. O “personagem-cidadão” agora está só no camarim. Mira com o olhar angustiado pelo espelho da cabeceira. Defronta-se com um mundo artificial de aparências, mentiras e luzes de neon. Chegando até acreditar com tudo isso ter descoberto o sentido da vida. O que no fundo ignora é que na verdade é apenas produto descartável consumido pela burocrática máquina-política-estatal. O sistema é corrupto. A voz do "personagem-cidadão" destoa inaudível aos ouvidos dos congressistas de Brasília. O "personagem-cidadão" é apenas mito criado em laboratório. É apenas uma estrela de curta luminosidade – “quando acaba o período das eleições” – acaba a peça do “personagem-cidadão”. Restam três minutos para entrar em cena. Tempo mais do que suficiente para os últimos momentos de concentração. A única verdade que existe dentro desse jogo ficcional em que realidade e fantasia se misturam é o diálogo sincero que o "personagem-cidadão" tem consigo mesmo. Não se pode mais confiar em ninguém. Sim. Como qualquer ser humano o “personagem-cidadão” também possui as suas crenças e convicções religiosas e políticas Assim, conversa intimamente em forma de oração por algo que acredita ser considerado como uma força divina protetora, amparando-o e reconfortando-o. Os três minutos se passam. A impressão que se tem é que se passaram três séculos. A cortina se abre. As luzes acendem. Mais uma vez o “personagem-cidadão” no meio do palco está. Entra numa espécie de transe consciente para dar alma aquele “personagem”. Nesse momento chega até a entrar em contradição com a própria personalidade, por interpretar “alguém” que não condiz com a com a própria natureza de ser - "Sou ou não sou cidadão?" . Para quê tantos impostos pagos em dia; honestidade no Brasil já é sinônimo de palavrão. Ironia vai ser pagar até pelo “ar” que se respira. Mas, mesmo, assim, enfraquecido busca "o personagem-cidadão" do fundo das “entranhas da alma” a força necessária para valer o máximo de sua dramaticidade. As pessoas se divertem com o espetáculo. O público muitas vezes formado por rudes-políticos-plebeus, sentados em suas confortáveis poltronas, veem o palco do teatro como se fosse uma arena, em que o “personagem-cidadão”, seria, nesse sentido, um gladiador que usa de todos os artifícios para sobreviver em cena. Mas o público não sente o que o artista sente. Muitos querem só a carnificina... No final de duas horas a peça acaba. Uns batem palmas e outros acompanham esse ritual de forma mecânica. As cadeiras lentamente voltam a ficar vazias. Como de costume, ele, o “personagem-cidadão”, volta ao camarim. Despe-se de sua máscara, consciente enfim, que o único papel que lhe cai bem, e quando interpreta a si mesmo. De um texto que já lhe flui naturalmente. De uma peça longe dos fabulosos recordes de bilheteria. De uma estória já acostumada a atuar. De uma estreia que sempre lhe causa dor e sofrimento, que é todo esse percorrer para dentro desse túnel sem fim. Sem saber o que encontrar pela frente e que sempre fecha as cortinas no ato derradeiro da solidão – inconformado pela sua “voz” nunca conseguir ser compreendida. Vaz Lobo, RJ, 23 de agosto de 1983 aos 14 anos. Correção – Barbacena, Minas Gerais, 13 de junho de 2016.

 

 

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